Dados mensuráveis de ESG estão redefinindo a cadeia de suprimentos
O setor de ingredientes e aditivos alimentares está passando por uma transformação estrutural impulsionada pela crescente demanda por sustentabilidade e transparência. Diante disso, não é mais suficiente que um ingrediente ofereça apenas performance tecnológica; ele deve agora demonstrar, com métricas concretas, sua contribuição positiva para as metas de ESG (Environmental, Social and Governance). Dessa forma, essa mudança é uma resposta direta à pressão de consumidores, investidores e reguladores, que exigem evidências verificáveis de impacto ambiental.
A urgência da mensuração ESG
A necessidade de dados mensuráveis decorre de múltiplas frentes. Com isso, consumidores globais esperam que as marcas de alimentos adotem práticas ambientais claras, preferindo produtos com alegações sustentáveis comprovadas. Além disso, financeiramente, a pressão é exercida por investidores, com a maioria das grandes empresas de alimentos já incluindo metas ambientais a compromissos financeiros.
Para os fornecedores de ingredientes, essa transparência é um diferencial competitivo crucial. Assim, oferecer dados ESG validados não apenas aumenta a competitividade, mas também garante a participação em programas de “compra preferencial sustentável” de grandes multinacionais.
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)
A principal ferramenta para traduzir práticas sustentáveis em métricas quantificáveis é a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), conforme as normas ISO 14040/44. Com isso, a ACV mensura os impactos ambientais de um ingrediente desde sua origem (cultivo, extração, energia, água e resíduos) até a entrega ao fabricante de alimentos.
O uso de ACVs no setor de ingredientes cresceu significativamente, refletindo sua adoção acelerada por fornecedores de proteínas funcionais, enzimas, fibras e estabilizantes.
Sendo assim , a tendência é que as ACVs se tornem obrigatórias em diversas categorias, exigindo relatórios específicos por ingrediente e aplicação, e não mais avaliações genéricas.
Diferenciais mensuráveis
Do campo à fábrica, duas abordagens se destacam por fornecerem dados ESG precisos:
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Agricultura Regenerativa: Essa prática agrícola permite quantificar benefícios como o sequestro de CO₂ por hectare, a redução do uso de fertilizantes sintéticos e o aumento da biodiversidade do solo. Desse modo, ingredientes provenientes de cadeias regenerativas podem carregar valores numéricos que comprovam o benefício ambiental. Como o “carbon-reduced” e “soil-positive”, sendo cada vez mais procurados por grandes empresas de alimentos.
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Fermentação de precisão e biotecnologia: Pode reduzir em até 90% as emissões de CO₂ e em até 95% o uso de água, quando comparados a equivalentes de origem animal, de acordo com o Good Food Institute Europe, Relatório 2024.
O futuro: Certificação e rastreabilidade digital
O mercado caminha para a padronização de indicadores e a expansão da rastreabilidade digital. Desse modo, o uso de tecnologias como blockchain na cadeia de alimentos deve crescer exponencialmente, impulsionado pela necessidade de rastreamento ambiental e social completo.
Portanto, a capacidade de um ingrediente de provar seu impacto ambiental positivo com dados robustos e verificáveis é o novo requisito fundamental para a competitividade. Empresas que investem em ACVs e certificações hoje estão garantindo sua relevância em um mercado que exige transparência completa e responsabilidade ambiental.
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