Desigualdade regional no consumo de ultraprocessados no Brasil
O consumo de alimentos ultraprocessados têm se tornado uma preocupação crescente na saúde pública global, e o Brasil não é exceção. Diante disso, uma pesquisa recente, conduzida por Leandro Teixeira Cacau, Maria Helena D’Aquino Benício, Renata Bertazzi Levy e Maria Laura Louzada, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Faculdade de Saúde Pública da USP, revelou uma desigualdade marcante no consumo desses alimentos entre as diferentes regiões e municípios brasileiros.
Discrepâncias regionais e socioeconômicas
Com base no estudo foi possível constatar que há uma clara disparidade regional e socioeconômica no consumo de ultraprocessados. Sendo assim, as regiões Sul e Sudeste, especialmente suas capitais, apresentaram as maiores estimativas, com exceção do Espírito Santo. Florianópolis (SC) registrou o maior índice, com cerca de 30% do total de calorias provenientes de ultraprocessados. Ademais, outras capitais como Porto Alegre (26,6%), Curitiba (26,3%) e São Paulo (25,5%) também se destacaram com altos percentuais.
Por outro lado, municípios das regiões Norte e Nordeste, como Aroeiras do Itaim (PI), apresentaram os menores consumos, com apenas 5,7% das calorias diárias vindas de ultraprocessados.
Diante desse cenário, os pesquisadores identificaram dois fatores principais que explicam essa diferença: a renda familiar e o nível de urbanização das cidades.
Sendo assim, municípios com maior proporção de moradores com renda acima de cinco salários mínimos e com maior grau de urbanização tendem a consumir mais ultraprocessados.
No entanto, os autores ressaltam que consumir menos ultraprocessados não garante, por si só, uma alimentação saudável. Em localidades de baixa renda e áreas rurais, predominam alimentos básicos como arroz, feijão, café, açúcar, farinhas e carnes, mas há pouca ingestão de frutas, legumes e verduras.
Impactos negativos e recomendações
O consumo frequente de alimentos ultraprocessados está ligado a uma série de problemas de saúde como: obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Além disso, estudos anteriores associaram esses produtos a 32 tipos diferentes de agravos à saúde, incluindo diversos tipos de câncer e maior risco de morte precoce.
Diante desse cenário, o Guia Alimentar para a População Brasileira continua a ser uma ferramenta fundamental, recomendando que a base da alimentação seja composta por alimentos in natura ou minimamente processados.
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