Estudo foi feito em Campinas no Centro Universitário UniMetrocamp Wyden. Uma única amostra apresentou mais de 1 milhão de bactérias. Nível de coliformes fecais identificado é superior ao permitido pela Anvisa.
Pedir salada delivery ou optar pelas verduras embaladas em refeições tipo fast food exige cuidado na hora de consumí-las, em busca de uma alimentação saudável. A ideia do “pronta para cosumo” esbarra no alto risco de contaminação. Uma pesquisa feita em Campinas (SP) encontrou bactérias em 90% das amostras de saladas analisadas. São micro-organismos causadores de infecções intestinais, pulmonares e até faringite.
Os testes microbiológicos foram feitos pelo Centro Universitário UniMetrocamp Wyden em saladas in natura, sendo 12 provenientes de entregas delivery e as outras oito de fast foods.
Dezoito delas continham coliformes fecais em quantidade dez vezes maior do que o tolerável pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Saladas à base de verduras e legumes crus, temperados ou não, em molho ou não, o limite é de 100 Unidades Formadoras de Colônia (UFC) por grama ou mililitro. Deve ter total ausência de salmonella”, informou o órgão federal, por nota.
Apenas duas das saladas analisadas estavam próprias para o consumo humano.
“O que surpreendeu foi a quantidade de coliformes que estavam presentes nas amostras. A Anvisa preconiza em torno de 10², ou seja, 100 [coliformes por grama]. Nós encontramos dez vezes mais. A gente quer chamar a atenção dessas pessoas que comercializam esses produtos”, afirma a doutora em ciências de alimentos, bióloga, professora e coordenadora do estudo, Rosana Siqueira.
Bactérias encontradas em saladas prontas para o consumo durante estudo em universidade de Campinas (Foto: Patrícia Teixeira/G1)
Esses alimentos já ficam submetidos ao plantio com adubos, fertilizantes e irrigação, às vezes inadequada. Por isso o cuidado em lavá-los é fundamental.
“Esse produto já chega pro comerciante numa quantidade elevada de micro-organismos. […] Tomates, pepinos, rabanetes, que muitas vezes são consumidos com a casca, nós temos que dar maior atenção. E principalmente também as verduras, o talo, que fica muito em contato com o solo”, explica.
Saladas de delivery e fast foods foram analisadas em pesquisa de biomedicina em Campinas (Foto: Patrícia Teixeira/G1)
Bactérias do mal
A pesquisa faz parte do trabalho de conclusão de curso de graduação em biomedicina das alunas Milene Almeida, Tamires Teixeira e Jacqueline Camargo. Consumidoras de saladas, elas ficaram surpresas com os resultados.
“Nas fast foods nós fomos até os locais, pegamos essas amostras e trouxemos pra cá pra fazer a inoculação [colocar o alimento num meio específico para testar se há crescimento de micro-organismos]. A mesma coisa aconteceu com as de delivery, nós ligamos e eles trouxeram pra gente aqui”, explica Milene.
Em 11 amostras também foi encontrada a Escherichia coli, principal indicativo de contaminação fecal. Esta bactéria está presente na microbiota instestinal humana e de animais, segundo as pesquisadoras.
Oportunista por prejudicar ainda mais a saúde de quem já está em uma condição debilitada, a bactéria Pseudomonas aeruginosa apresentou quantidades acima de 1,2 milhão em uma única amostra proveniente de entrega delivery.
Outra bactéria que chamou a atenção foi a Staphylococcus aureus, presente habitualmente nas fossas nasais. A ingestão dela pode provocar intoxicação alimentar. Bolores e leveduras também estavam presentes nas amostras de saladas. “Também são indicativos da falta de higienização”.
“Pra pessoas imunocomprometidas, ela pode causar desde doenças gástricas até uma pneumonia. A Escherichia coli causa diarreia, náusea, febre. O Staphylococcus aureus […] pode causar intoxicação alimentar, que é muito comum na população”, alerta Jacqueline.
Rosana e as pesquisadoras Milene, Tamires e Jacqueline durante análise de amostras de saladas em estudo desenvolvido em Campinas (Foto: Patrícia Teixeira/G1)
Tem que lavar de novo
A saída é lavar a salada de novo. Sim, lavar tudo antes de consumir. A coordenadora ensina que a melhor substância para higienizar verduras e frutos é a água sanitária, produto acessível à população.
São 10ml de água sanitária para 1 litro de água potável, com 10 a 15 minutos de imersão. Em seguida, é importante lavar na água corrente antes do consumo.
“Se você estiver em um local que não tem essa possibilidade, tempere essa salada. Use vinagre ou um limão. Não vai dar 100% de segurança, mas já ajuda. É melhor”, ensina Rosana.
Rosana lembra que a tábua usada para cortar esses alimentos também precisa ser devidamente higienizada com água sanitária, e lavada em água corrente, em seguida. O uso de luvas, máscara e touca de cabelo pelo preparador do alimento é indispensável, segundo a pesquisadora.
Quem não tiver condições de higienizar a salada pode usar vinagre e limão, que reduzem a contaminação, como tempero.
Fonte:https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/pesquisa-encontra-contaminacao-em-90-de-saladas-prontas-para-consumo-em-delivery-e-fast-food.ghtml