Você sabia que o consumo excessivo de sódio contribui para o desenvolvimento de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), tais como a pressão alta, doenças cardiovasculares e doenças renais, que atualmente são um dos principais problemas de saúde pública do Brasil.
1.1. Boas Práticas Nutricionais
As Boas Práticas Nutricionais (BPN) são medidas que visam orientar os serviços de alimentação (estabelecimento onde o alimento é manipulado, preparado, armazenado e / ou exposto à venda) na preparação de alimentos com menores teores de açúcar, gordura trans, gordura saturada e sódio, contribuindo para uma alimentação mais saudável.
As BPNs surgiram a partir da necessidade de melhoria do perfil nutricional dos alimentos. O sódio, por exemplo, contribui para o aparecimento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) – como a pressão alta, doenças cardiovasculares e doenças renais –, que atualmente são um dos principais problemas de saúde pública do Brasil.
A adoção das Boas Práticas Nutricionais é voluntária e vem sendo acordada entre o Ministério da Saúde e o setor produtivo.
1.1.1. Guia de Boas Práticas Nutricionais
A Anvisa disponibilizou no seu portal (www.anvisa.gov.br), em Alimentos (menu “proteção à saúde”, à esquerda da página) > Boas Práticas Nutricionais (menu “assuntos de interesse”), um documento de referência para elaboração de Guias de Boas Práticas Nutricionais, que apresenta modelo para elaboração de guias específicos para o preparo de alimentos. O documento contempla as etapas críticas do preparo do alimento a serem controladas sob o ponto de vista nutricional, os ingredientes empregados na formulação, suas funções e a composição nutricional do produto.]
1.1.1.1. Guia de Boas Práticas Nutricionais para Pão Francês
Na página eletrônica da Agência também pode ser encontrado o Guia de Boas Práticas Nutricionais para Pão Francês.
1.2. Por que reduzir o consumo de sódio?
O brasileiro consome em média 12g de sal por dia. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de apenas 5g por dia (1 colher de chá), o que corresponde a 2.000mg (2g) de sódio.
A OMS considera que reduzir a ingestão de sal e do conteúdo de sal nos alimentos é uma das intervenções consideradas mais custo-efetivas, ou seja, ações consideradas “melhores apostas”, que devem ser executadas imediatamente para que produzam resultados acelerados em termos de vidas salvas, doenças prevenidas e custos altos evitados.
Segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2008-2009, na faixa etária de 19 a 59 anos, a ingestão de sódio está acima do nível seguro para ambos os sexos: em 85% dos casos é elevada para homens; e em 70% para mulheres, nas áreas urbanas. Entre os pré-adolescentes, faixa etária de 10 a 13 anos, 83% consomem sódio acima do nível tolerável. O sódio representa aproximadamente 40% da composição do sal. Além disso, é considerado um nutriente de preocupação de saúde pública que está diretamente relacionado ao desenvolvimento das Doenças Crônicas não Transmissíveis: hipertensão, doenças cardiovasculares e doenças renais.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a redução no consumo de 12g para 5g de sal ao dia impacta em 15% menos óbitos por acidente vascular cerebral, 10% menos óbitos por infarto, 1,5 milhões de pessoas livres de medicação por hipertensão e mais 4 anos na expectativa de vida de indivíduos hipertensos.
Já dados do IBGE indicam que, em 2009, uma em cada três crianças brasileiras na faixa de 5 a 9 anos estava com sobrepeso, sendo que a obesidade atingiu 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas. Durante o período de 1974 a 2009, a prevalência de sobrepeso em crianças e adolescentes, entre 10 e 19 anos, passou de 3,7% para 21,7% no sexo masculino e de 7,6% para 19,4% no sexo feminino. Nesse mesmo período, o sobrepeso na população adulta masculina passou de 18,5% para 50,1%, enquanto que na feminina foi de 28,7% para 48%.
1.3. Por que o pão francês foi escolhido para iniciar a redução de sódio?
A Anvisa em conjunto com o Ministério da Saúde está trabalhando em várias frentes para a redução do sódio nos alimentos e a conscientização da população quanto ao consumo de produtos com menor teor de sódio. O Ministério da Saúde assinou, em 13 de dezembro de 2011, o segundo termo de compromisso com as associações das indústrias de alimentos e com o Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP), para redução do teor de sódio em vários produtos.
O pão francês foi o primeiro alimento escolhido para ter um Guia de Boas Práticas Nutricionais (BPN) por ser um dos alimentos que mais contribui para a ingestão de sódio, pois é tradicionalmente consumido no café da manhã e, às vezes, no lanche (é um dos alimentos mais consumidos pela população brasileira, segundo dados da POF/IBGE 2008-2009).
O Guia de Boas Práticas Nutricionais para Pão Francês orienta as padarias no preparo do pão para a redução da quantidade de sal. O guia é de adoção voluntária, e a meta é reduzir, progressivamente, a quantidade de sódio adicionada ao pão francês em 10% até 2014. Assim, uma unidade de pão francês (50g) que, em 2011, tem em média 320mg de sódio, deverá ter 304mg em 2012, e 289mg em 2014.
Este documento está disponível para consulta no portal da Anvisa (www.anvisa.gov.br), em Alimentos (menu “proteção à saúde”, à esquerda da página) > Boas Práticas Nutricionais (menu “assuntos de interesse”).
1.4. Quantidade de sódio dos alimentos
Um estudo divulgado em 16 / 10 / 2012 pela Anvisa analisou a quantidade de sódio contida em determinados alimentos, conforme abaixo.
A pesquisa desenvolvida analisou a quantidade de sal em 496 amostras de 26 categorias de alimentos, coletados pelas vigilâncias sanitárias estaduais, nos anos de 2010 e 2011, no mercado varejista e em unidades fabris.
Participaram da pesquisa os seguintes estados: Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
As análises de monitoramento de sódio foram realizadas pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Já as análises fiscais, pelos Laboratórios de Saúde Pública dos Estados do Ceará e de Minas Gerais e pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL) em São Paulo.
Para maiores informações sobre o estudo, leia o Informe Técnico nº 50 / 2012, localizado no portal da Anvisa (www.anvisa.gov.br) > Proteção à saúde (canto superior esquerdo da tela) > clique em Alimentos > Assuntos de Interesse (canto superior esquerdo da tela) > clique em Informe Técnicos > no centro da tela clique no IT nº 50 – Assunto “Teor de Sódio dos Alimentos Processados”.
Um estudo resultado de um acordo entre o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), indicou que desde 2011, o Brasil reduziu, em quatro anos, mais de 14 mil toneladas de sódio de alimentos industrializados. A Abia é responsável por 70% dos produtos alimentícios do Brasil.
1.5. Orientação ao consumidor
Além de observar o rótulo dos alimentos industrializados, a Anvisa orienta que o consumidor experimente os alimentos antes de adicionar mais sal. Isso porque, geralmente, eles já possuem sal adicionado durante a preparação.
Outra dica é realizar a diminuição gradativa do sal nos alimentos.
Também é preciso lembrar que alimentos frescos sempre têm menos sal. Por isso, é necessário equilibrar as refeições com saladas e frutas.
Além disso, a população deve utilizar outros temperos naturais como ervas aromáticas, alho, cebola, pimenta, limão, vinagre e azeite para temperar e valorizar o sabor natural dos alimentos, evitando o uso excessivo de sal.
1.6. Diferença do teor de sódio entre os alimentos analisados em mg / 100g e mg / 100ml
Alimento | Média | Maior valor | Menor valor | Diferença |
Queijo parmesão ralado | 1981 | 2976 | 1100 | 2,7 |
Macarrão instantâneo | 1798 | 2160 | 1435 | 1,5 |
Queijo parmesão | 1402 | 3052 | 223 | 13,7 |
Mortadela | 1303 | 1480 | 1063 | 1,4 |
Mortadela de frango | 1232 | 1520 | 943 | 1,6 |
Maionese | 1096 | 1504 | 683 | 2,2 |
Biscoito de polvilho | 1092 | 1398 | 427 | 3,3 |
Bebida láctea | 92,7 | 114,7 | 73 | 1,6 |
Salgadinho de milho | 779 | 1395 | 395 | 3,5 |
Biscoito água e sal | 741 | 1272 | 572 | 2,2 |
Biscoito cream cracker | 735 | 1130 | 437 | 2,6 |
Hambúrguer bovino | 701 | 1120 | 134 | 8,4 |
Batata frita ondulada | 624 | 832 | 447 | 1,9 |
Pão de queijo congelado | 582 | 782 | 367 | 2,1 |
Queijo muçarela | 577 | 1068 | 309 | 3,5 |
Queijo prato | 571 | 986 | 326 | 3,0 |
Pão de queijo | 558 | 830 | 105 | 7,9 |
Queijo minas padrão | 546 | 673 | 290 | 2,3 |
Queijo minas frescal | 505 | 1819 | 126 | 14,4 |
Batata palha | 472 | 719 | 250 | 2,9 |
Biscoito de amido de milho (maisena) | 369 | 477 | 240 | 2,0 |
Biscoito recheado | 288 | 650 | 130 | 5,0 |
Ricota fresca | 191 | 432 | 41 | 10,5 |
Farinha láctea | 106 | 170 | 20 | 8,5 |
Queijo petit suisse | 45 | 62 | 38 | 1,6 |
Refrigerante de guaraná de baixa caloria | 12 | 17 | 7 | 2,4 |
Salgadinho de milho | 779 | 1395 | 395 | 3,5 |
Fonte: ANVISA
Link: https://glo.bo/37O6b1x