Inovação brasileira: Novo método elimina resíduos plásticos da água com alta eficiência
A poluição por plásticos representa uma crise ambiental e de saúde global, com a degradação desses materiais liberando substâncias tóxicas, como o bisfenol A (BPA), que está associado a diversas doenças como câncer e problemas cardiovasculares. Diante desse cenário, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto desenvolveram um método inovador e altamente eficaz para a remoção do BPA na água.
Combinação de tratamento
O método utiliza a combinação de tratamentos eletroquímicos e enzimáticos em processos oxidativos avançados. O tratamento eletroquímico utiliza corrente elétrica para iniciar a quebra química dos contaminantes, gerando radicais altamente reativos. Complementarmente, o tratamento enzimático, que emprega materiais biológicos derivados de fungos, acelera significativamente esse processo.
Alexandre Carneiro Cunha, pesquisador do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e responsável pela pesquisa, explica que a complementaridade desses mecanismos é fundamental. Enquanto o tratamento eletroquímico gera intermediários mais simples e reativos, o enzimático atua sobre esses intermediários, promovendo uma oxidação mais profunda e eficiente.
Eficácia e resultados promissores
Os testes laboratoriais demonstraram a superioridade desse método em comparação com as abordagens tradicionais. Desse modo, a combinação eletroquímica e enzimática foi capaz de remover 92% do BPA da água em apenas duas horas. Além disso, o processo resultou em subprodutos menos tóxicos e mais biodegradáveis, como ácidos de menor toxicidade, indicando uma rota de degradação com menor impacto ambiental.
Vale ressaltar que o tratamento eletroquímico removeu apenas cerca de 10% do BPA, e o enzimático, aproximadamente 35%. Com isso, a união das duas técnicas potencializou a capacidade de descontaminação, superando os resultados obtidos por métodos isolados.
Desafios e potencial futuro
Embora os resultados em laboratório sejam promissores, a aplicação em larga escala em estações de tratamento de água ainda requer adaptações. Assim, a presença de uma diversidade de compostos orgânicos em sistemas reais pode interferir nos mecanismos de degradação e gerar subprodutos inesperados. Questões como custo, manutenção de eletrodos e regeneração de enzimas também precisam ser otimizadas. Essa inovação brasileira representa um passo significativo na luta contra a poluição plástica e na busca por soluções mais eficazes para a purificação da água, contribuindo para a proteção da saúde humana e do meio ambiente.
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