Fonte: VivaBem Uol
Todos já estivemos lá: na correria do dia a dia, ao abrir a geladeira para preparar algo rápido, percebemos que o queijo está com as beiradas endurecidas e mais amarelas, ou então a linguiça, que também havia sido guardada no dia anterior, ganhou uma coloração mais intensa e está mais seca. Se isso aconteceu com você, fique tranquilo: o processo é chamado de dessecação e não significa que o alimento está estragado. Na verdade, o que aconteceu foi algo mais simples: o alimento ficou ressecado em um processo chamado de dessecação.
De acordo com a nutricionista Angélica Grecco, coordenadora da nutrição do Hospital Santa Helena e nutricionista do Instituto EndoVitta, em São Paulo, a dessecação ocorre quando os alimentos perdem a umidade e literalmente desidratam.
Salames, linguiças, bacon e alguns queijos são os alimentos que mais sofrem. Mas outros também correm risco, como bolos, pães, pizzas e até alguns legumes. “No caso dos embutidos, isso ocorre com mais frequência porque a gordura sofre um processo de oxidação e, com isso, perde água mais rapidamente do que os outros componentes dos alimentos”, explica. Mas é importante deixar claro que esse processo só acontece porque esses alimentos foram acondicionados de forma incorreta. “Esse ressecamento é causado pela exposição ao frio e ao ar seco que ficam dentro da geladeira”, explica Jessica Agnes Machado, nutricionista do Fleury Medicina e Saúde, de São Paulo.
É seguro comer?
Se o alimento estiver apenas ressecado, sim, é seguro consumi-lo. “A desidratação não significa que ele esteja contaminado ou com a validade reduzida”, afirma Grecco. Aqui, vale dizer que não é possível adicionar água ou cozinhar para recuperar a umidade do alimento e sua textura original. “Para alimentos como linguiça e carne, por exemplo, pode-se cozinhar para amaciar a parte endurecida, mas o sabor pode ficar comprometido”, afirma Machado. Outra opção é cortar a parte endurecida e escurecida para consumir o restante do alimento. Isso, no entanto, só funciona se ele estiver parcialmente ressecado.
Como evitar o ressecamento desses alimentos?
A melhor forma de evitar a dessecação de embutidos e queijos é prestar atenção à forma de armazenamento para evitar que eles fiquem expostos na geladeira. “Utilizar recipientes herméticos ou embrulhar em papel alumínio ou filme plástico ajuda a conservar melhor esses alimentos”, diz Grecco. Outro fator importante é que esse tipo de alimento, depois de aberto, não dura muito mesmo quando bem armazenado. De acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por exemplo, os queijos duram, em média, três dias na geladeira após abertura. Já os embutidos não devem ser armazenados por mais de cinco dias, mesmo que acondicionados corretamente na geladeira. Quando esses prazos já se passaram, com ou sem partes ressecadas, o melhor e mais recomendado é o descarte.
Quando não consumir
De acordo com os especialistas, quando o alimento estiver apenas ressecado (inteiro ou em partes), o consumo ainda é seguro. “Mas é preciso fazer uma avaliação cuidadosa para verificar se o alimento não apresenta sinais de contaminação”, afirma Machado. Isso significa que, antes de jogar na panela ou na tábua de frios, deve-se buscar com atenção sinais de mofo, alterações de cheiro, cor e textura daquele alimento.
Se alguma dessas características estiver presente, o recomendado é descartar o alimento, pois ele pode estar contaminado por microrganismos e há o risco de causar uma intoxicação alimentar. “A proliferação de bactérias no alimento é o que causa problemas gastrointestinais como diarreia e náuseas”, afirma Ianca Cristina Viana Lima, nutricionista da rede de clínicas AmorSaúde, parceira do Cartão de TODOS, da unidade de Rio Branco, no Acre. “Por isso, o recomendado é descartar o alimento com a presença de mofo”, alerta a especialista. E é sempre bom lembrar: na dúvida se o alimento está ou não contaminado, a orientação é sempre optar pelo descarte para evitar qualquer risco à saúde.
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