Por: Henrique de Castro Neves
e Keli Lima Neves
#culturadesegurançadosalimentos
O que o está previsto no Posicionamento do GFSI:
4.3. Liderança e Comunicação
4.3.1. Compromisso de Liderança
A liderança define as diretrizes e o tom da Cultura de Segurança de Alimentos de uma empresa, de forma a apoiar, alinhar e contribuir para a sua visão e missão. Os líderes empresariais, desde a sede até o nível local, juntamente com os proprietários de empresas, podem ter um impacto profundo na cultura organizacional. O compromisso dos líderes com a Segurança de Alimentos pode influenciar significativamente o desenvolvimento de uma Cultura de Segurança de Alimentos forte. A alocação adequada de recursos, inclusive financeiros, humanos e de tempo, demonstra a dedicação da liderança à Segurança de Alimentos.
Os líderes desenvolvem políticas e padrões de Segurança de Alimentos em alinhamento com a direção estratégica da empresa, mas as políticas por si só são apenas documentos e requisitos. O verdadeiro significado vem quando as políticas são traduzidas em expectativas comportamentais claras para os colaboradores. Um compromisso consistente, visível e confiável da liderança com a Segurança de Alimentos e assumir as responsabilidades é um elemento fundamental de uma Cultura de Segurança de Alimentos.
A declaração da política de Segurança de Alimentos coloca os requisitos de Segurança de Alimentos em alinhamento com a direção estratégica da empresa e é endossada pela liderança sênior e líderes locais. Ela direciona a propriedade da Segurança de Alimentos dos funcionários em todos os níveis organizacionais e estabelece a responsabilidade pela Segurança de Alimentos dos produtos desde sua concepção até toda a sua cadeia de fornecimento.
Comunicação: mensagens eficazes são essenciais para comunicar com sucesso as expectativas de Segurança de Alimentos de uma empresa. Essas mensagens devem ser consistentes e claras para todos os colaboradores, para que eles entendam e sejam lembrados regularmente das práticas de Segurança de Alimentos da empresa e da abordagem geral à Segurança de Alimentos.
O objetivo de todas as mensagens de Segurança de Alimentos é educar, informar e aumentar a conscientização entre todos os colaboradores, novos e existentes, sobre práticas seguras, para que eles assumam a responsabilidade de seu papel de garantir a segurança do consumidor e a proteção da marca. A declaração da política de Segurança de Alimentos da empresa desempenha um papel importante e deve ser facilmente acessível a todos e referenciada regularmente nas comunicações da empresa.
A comunicação deve ser dirigida a todos os colaboradores, desde empregados em tempo integral, temporários, até prestadores de serviço e parceiros externos, conforme apropriado. Deve ser adaptada às várias partes interessadas da organização e criada de várias formas. A comunicação deve ser cascateada pela liderança a todos os colaboradores de forma consistente. Além disso, os estilos de mensagens devem mudar regularmente para mantê-las frescas, relevantes e sempre presentes na lembrança.
Os requisitos regulamentares aplicáveis à Segurança de Alimentos, sejam eles locais, regionais, nacionais ou específicos da empresa, devem ser compartilhados com todos os colaboradores. É igualmente importante explicar por que essas regulamentações são importantes e como devem ser seguidas por todos em toda a empresa.
4.3.2. Ferramentas de comunicação
Há uma variedade de estratégias e tecnologias que ajudam a disseminar as principais mensagens de Segurança de Alimentos através de todos os segmentos da empresa. Elas incluem comunicações frequentes da liderança, distribuídas por meio dos canais habituais da organização, incluindo e-mail da empresa, intranet, quadros de avisos e o site corporativo, bem como reuniões da equipe de trabalho e eventos de aprendizagem informal. A eficácia das mensagens pode e deve ser medida por meio de pesquisas online e grupos focais.
Contribuição SEMEAR sobre Liderança e Comunicação
Empresas são compostas essencialmente de pessoas, não importa sua natureza jurídica, composição de capital, porte ou segmento, sem o ser humano nenhuma organização teria sequer um dia de sucesso. Neste contexto, temos a importantíssima figura da liderança, que é o grupo de colaboradores responsável por estabelecer as regras e ditar o ritmo do trabalho. Não obstante a uma lista de habilidades técnicas e humanas, uma das capacidades essenciais de um bom líder é a comunicação, lembrando que uma inteiração eficaz envolve não somente falar bem ou ser eloquente, mas, principalmente, garantir que a mensagem chega aos ouvintes de forma clara e é compreendida. O que traz uma dose extra de desafio quando a empresa deseja padronizar demasiadamente suas comunicações, cujo público-alvo pode ir desde analistas do mercado financeiro aos colabores de produção, não esquecendo que, quando falamos em Segurança de alimentos, as informações devem chegar a todas as partes interessadas e isso inclui prestadores de serviço, fornecedores, visitantes e todos aqueles que estão envolvidos nesta cadeia, o que torna o ato de comunicar ainda mais delicado.
Sabendo desta importância, visando garantir que o tema não ficaria de lado de forma alguma, o GFSI (Global FoodSafetyInitiative) em seu documento sobre a cultura da Segurança de Alimentos, dentro da dimensão “Visão e Missão” considerou o tema “liderança e comunicação” como um elemento crítico para o sucesso da organização no amadurecimento de sua cultura para a Segurança de Alimentos. Por isso, o documento dedica especial atenção a estes relevantes tópicos.
Importante informarmos aqui que, este assunto é abordado em outros momentos no documento do GFSI, dada a relevância do envolvimento da liderança e de uma boa comunicação em todas as esferas. Assim, chamamos a atenção para leitura dos demais capítulos deste documento, como: o capitulo 4.1. Estrutura Organizacional, Valores e Propósito o capítulo 5.3. Comunicação de Segurança de Alimentos.
Especificamente quanto à liderança, o GFSI fala bastante na capacidade da liderança em influenciar o nível de cultura de Segurança de Alimentos das empresas, não só pela alocação de recursos (humanos e financeiros), mas também pela dedicação e educação pelo exemplo no que tange à importância da Segurança de Alimentos para os líderes. Isso torna as políticas e regras criadas mais sólidas e consistentes, tornando-as naturais e fluídas dentro da organização, um aspecto verdadeiramente cultural na companhia.
Reiterando a importância de uma comunicação clara e eficaz, o GFSI destaca sua preocupação com o tema, quando tratamos de Segurança de Alimentos, deixando claro que a comunicação deve ser uma ferramenta de gestão da expectativa das Partes Interessadas, independente de sua abrangência (quando envolve o mercado) ou complexidade (no caso de aspectos regulatórios, por exemplo). O documento do GFSI também lembra que uma boa comunicação possui aspecto didático, auxiliando não somente na informação, mas também na educação dos colaboradores, por exemplo, aumentando a conscientização sobre a Segurança de Alimentos.
Vale ressaltar uma importante preocupação do GFSI com o público-alvo da comunicação, que não deve ficar restrita aos colaboradores diretos da empresa, devendo se estender – literalmente – às Partes Interessadas, independente de sua relevância aparente para a operação. Em outras palavras, garantir que o prestador de serviços da vigilância e limpeza recebam as mesmas informações do operador da produção demonstra maturidade na cultura de Segurança de Alimentos de uma determinada empresa. Para isso, a tecnologia e a criatividade devem ser utilizadas, para que não só a mensagem em si, como também a forma, ajudem na absorção e fixação do comunicado. Em um sistema de gestão mais maduro isso deve ser medido e avaliado.
Lembremos aqui que, toda empresa já possui sua própria cultura de Segurança de Alimentos, o que precisamos no primeiro momento é entender se a cultura existente é realmente o reflexo das diretrizes estabelecidas pela empresa e começar deste ponto a jornada para construção de uma política positiva.
É fato que, em diferentes níveis, todas as empresas precisam estruturar uma forma de melhorar a “Cultura de Segurança de Alimentos” e isso pode ser afirmado devido ao que todos nós conhecemos sobre Segurança de Alimentos de forma cultural e implementamos em nosso dia-a-dia em nossas casas, há um longo e bonito caminho a ser percorrido para conseguirmos fazer com que algumas práticas adotadas para garantir a Segurança de Alimentos manipulados sejam compreedidas de tal forma que se tornem um hábito e só assim, poderemos dizer que está enraizada na cultura daquela comunidade.
Para que isso ocorra, ou seja, para que uma “regra” se torne um “hábito”, o caminho requer muito envolvimento, entendimento, dedicação e interação e aqui destacamos duas informações muito relevantes que o documento do GFSI traz:
“A alocação adequada de recursos, inclusive financeiros, humanos e de tempo,demonstra a dedicação da liderança à Segurança de Alimentos.” GFSI, 2018
Fica evidente que, para construção de uma Cultura de Segurança dos Alimentos positiva, a direção não é apenas responsável por alocar recursos financeiros e humanos, mas sim e talvez principalmente, alocar um recurso muito valioso, o mais valioso das nossas vidas, “tempo”. Neste contexto de mudar ou fortalecer ações e torná-las hábito, o envolvimento, o exemplo, a dedicação, a constância não são coadjuvantes, são os protagonistas desta construção.
“O verdadeiro significado vem quando as políticas são traduzidas em expectativas comportamentais claras para os colaboradores.” GFSI, 2018
Eis aqui o outro ponto que acreditamos ser muito relevante e que devemos destacar neste conteúdo crítico da dimensão Visão e Missão, as pessoas envolvidas na cadeia de alimentos, devem entender as diretrizes da empresa. As políticas relacionadas a Segurança de Alimentos devem ser traduzidas para cada pessoa, no formato e linguagem adequada, tal qual ela entenda as expectativas comportamentais esperadas para atender aquele diretriz, aquela política, aquele indicador, aquele procedimento. É papel da liderança transformar as políticas/os procedimentos em expectativas claras, não esquecendo que na maioria das vezes a expectativa comportamental de uma mesma política/procedimento, muda de acordo com o colaborador ou pessoa envolvida no processo e é esse o pulo do gato, conseguir levar a informação de forma que cada um entenda a relevância do seu ato, entenda a expectativa daquela frase muitas vezes complicada.
O objetivo de todas as mensagens de Segurança de Alimentos é educar, informar e aumentar a conscientização entre todos os colaboradores, novos e existentes, sobre práticas seguras, para que eles assumam a responsabilidade de seu papel de garantir a segurança do consumidor e a proteção da marca e o envolvimento da liderança nesta construção e comunicação é o pilar que sustenta o sucesso para um cultura positiva.
Aprendemos com a Débora Julião que, é preciso entender de gente e para entender de gente é necessário conhecer sobre pessoas, pois, para alcançarmos o resultado esperado precisamos ser influenciadores. Precisamos influenciar as pessoas para os comportamentos desejados e isso só é feito de forma genuína se entendermos e gostarmos de pessoas. Pessoas não se engajam com procedimentos, pessoas se engajam com propósitos, pessoas se engajam com pessoas.
Referências
GFSI, Cultura de Segurança dos Alimentos, posicionamento do GFSI, V1 – 4/11/18
Podcast BRQuality, Gostar de gente, o pulo do gato para ser influenciador de comportamentos – Débora Julião, 13.09.2021.