Clostridium perfringens: características, habitat e doenças causadas

Existem quatro espécies de Clostridium que são clinicamente importantes: C. botulinum, C. perfringens, C. difficile e C. tetani. Entretanto, apenas o Clostridium botulinum e o Clostridium perfringens causam intoxicações ou toxinfecções alimentares (FOSYTHE, 2013). Leia nosso artigo abaixo e saiba tudo sobre o tema! 

De acordo com a Folha de Dados de Patógenos Microbianos da New Zealand Food Safety (NZFS), existem cinco tipos de C. perfringens com base no tipo de toxina (A, B, C, D, E). A maioria dos casos de intoxicação alimentar por C. perfringens relatados em países desenvolvidos é causada por cepas do tipo A. O tipo C causa uma enterite necrótica rara, grave.

Jay (2005) descreve este microrganismo como um bastonete Gram-positivo, naeróbio, esporulado, amplamente distribuído na natureza.

Entre os muitos isotipos de C. perfringens, o tipo A quase sempre contém o gene cpe (o gene da enterotoxina, que causa intoxicação alimentar), e os tipos B, C, D e E às vezes contêm esse gene.

 

Características gerais de crescimento do Clostridium perfringens (multiplicação)

De acordo com Franco e Landgraf (2008), uma das características mais importantes do Clostridium perfringens é sua capacidade de multiplicação em temperatura alta, estando a temperatura ótima entre 40°C e 45°C. No entanto, para esporulação, a temperatura ótima fica entre 35°C e 40°C.

Jay (2005) relata que, a menor temperatura para o crescimento está em torno de 20°C, e a maior encontra-se próxima dos 50°C.

Clostridium perfringens multiplica-se melhor em pH entre 6,0 e 7,0. Os mesmos valores valem também para a esporulação. Valores de pH inferiores a 5,0 ou superiores a 8,3 são bastante inibidores para este microrganismo (FRANCO E LANDGRAF, 2008). 

O menor valor de atividade de água (aw) registrado para o crescimento germinação dos esporos encontra-se entre 0,97 e 0,95 (JAY, 2005).

Franco e Landgraf (2008) relatam que, concentrações de NaCl em torno de 7 – 8% são necessárias para inibir a multiplicação da maioria das cepas de C. perfringens.

Jay (2005) descreve que o C. perfringens não é um anaeróbio estrito como são os outros clostrídios. Já Franco e Landgraf (2008) citam que, embora C. perfringens não seja considerado um microrganismo anaeróbio estrito, o crescimento inicial é dependente do potencial de óxido-redução. O valor ótimo para multiplicação está em torno de – 200mV.

 

Hábitat do Clostridium perfringens:

De acordo com Forsythe (2013), o C. perfringens é amplamente distribuído no ambiente e com frequência é encontrado no intestino de humanos e animais. Os endósporos do microrganismo persistem no solo, em sedimento e em áreas sujeitas a poluição fecal humana e animal.

De acordo com a Autoridade de Segurança Alimentar e Econômica da República Portuguesa (ASAE), apesar deste microrganismo fazer parte da microbiota fecal normal do Homem, pensa-se que o manipulador de alimentos não constitui uma fonte de contaminação de alimentos significativa.

 

Formas de contaminação dos alimentos: 

Franco e Landgraf (2008) a respeito do C. perfringens relatam que, esse microrganismos é facilmente isolado de alimentos, tanto crus quanto processados, e seu envolvimento em casos de doenças de origem alimentar é bastante grande.

Os alimentos envolvidos nos surtos de C. perfringens são frequentemente pratos à base de carne preparados em um dia e consumidos no dia seguinte (JAY, 2005).

Alimentos à base de carne bovina e de carne de frango têm sido os principais causadores de intoxicação alimentar por C. perfringens. A maioria dos surtos relatados é associada à alimentação em estabelecimentos institucionais (FRANCO E LANDGRAF, 2008).

 

Quais são as doenças causadas pelo Clostridium perfringens? 

A intoxicação alimentar é causada por uma enterotoxina que aparece quando se forma o esporo de C. perfringens (FRANCO E LANDGRAF, 2008).

Os sintomas aparecem entre 6 e 24 horas, especialmente entre 8 e 12 horas, após a ingestão de alimentos contaminados. Caracterizam-se por dor abdominal aguda e diarreia; náuseas, febre e vômitos são raros (JAY, 2005).

De acordo com Fosythe (2013), a forma mais comum de toxinfecção por C. perfringens é caracterizada por cólicas abdominais intensas e diarreias que iniciam 8 a 12 horas após o consumo do alimento contendo grande quantidade do microrganismo capaz de produzir as toxinas causadoras da enfermidade. Poucas mortes já foram relatadas como resultado de desidratação de outras complicações.

As suas formas patogênicas mais comuns em humanos se dividem em 3 tipos: toxinfecção alimentar, enterite necrosante e gangrena gasosa (SOUZA, 2017).

A enterite necrótica, causada por C. perfringens tipo C, é rara. Os sintomas são dores abdominais agudas muito intensas, diarreia sanguinolenta, algumas vezes vômitos, e inflamação necrótica do intestino delgado, sendo frequentemente fatal (FRANCO E LANDGRAF, 2008).

A alfa toxina de C. perfringens, que é distinta das toxinas produzidas por perfringens na intoxicação alimentar, é um importante fator de virulência na gangrena, assim como a capacidade geral do patógeno em crescer rapidamente no ambiente quente e úmido gerado por uma lesão invasiva. A alfa toxina é uma fosfolipase que hidrolisa os fosfolipídeos da membrana das células hospedeiras, conduzindo à lise celular e à típica acumulação de gás e fluidos que acompanham a gangrena gasosa (MADGAN et al., 2016).

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As intoxicações causadas pelo Clostridium perfringens comumente são causadas pela ingestão de alimentos e água contendo grandes quantidades da bactéria. Daí surge a importância das análises em amostras de água e alimentos. Nós da BRQuality podemos ajudar a sua empresa a estar dentro das conformidades!

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Clostridium perfringens

 

 

REFERÊNCIAS

  • FORSYTHE, Stephen J. Microbiologia da segurança dos alimentos. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
  • FRANCO, Bernadette D. Gombossy de Melo; LANDGRAF, Mariza. Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu, 2008.
  • JAY, James M. Microbiologia dos Alimentos. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005
  • MADIGAN, Michael T. et al. Microbiologia d Brock. 14 ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
  • SOUZA, Lucas Teixeira. Clostridium perfringens: uma revisão. Monografia (Especialização em Microbiologia Aplicada) – Instituto de Ciência Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, p. 8. 2017. Disponível em: <https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/FAMM-BDFUYY/1/clostridium_perfringens_uma_revis_o___lucas_teixeira_souza.pdf>. Acesso em: 20 de mar. de 2022.
  • Microbial Pathogen Data Sheet : Clostridium perfringens. Disponível em: <https://www.mpi.govt.nz/dmsdocument/11021-Clostridium-perfringens-Microbial-pathogen-data-sheet>. Acesso em: 20 de mar. de 2022.
  • Clostridium perfringens. Disponível em: <https://www.asae.gov.pt/seguranca-alimentar/riscos-biologicos/clostridium.aspx>. Acesso em: 20 de mar. de 2022.

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